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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Grace and Grit - Ken Wilber

 
Para um artigo sobre este material, acesse

Grace and Grit – Ken Wilber.
Segue abaixo uma pequena resenha da minha leitura de Grace and Grit. Postei esse resumo apenas para servir como aperitivo para a leitura do Livro.
Durante todo o livro, Wilber descreve, passo a passo, um sonho em que ele e Treya se encontram e vivem uma estranha aventura. Wilber vai contando, pedacinho por pedacinho, em cada novo capítulo. Essa técnica de criar um "plot" paralelo foi repetida no livro "Boomeritis", também traduzido para o português pelo Ari Raynsford.
A edição resenhada aqui , com os números das páginas, é a original, da editora Shambhala, reeditada em 2000.
Não deixe de ler. Esse livro é bibliografia básica da alma.

Buscando fotos de treya no Google, achei uma matéria sobre Jennifer Aninston (A “Rachel” de “Friends”), e a notícia de que o livro Grace and Grit será adaptado para o cinema. Estou me emocionando ao ler este relato. Como minha própria vida é abençoada.

Abraços e boa leitura. Andre B.

Capitulo um – Alguns abraços, alguns sonhos.

Wilber descreve a época em que os dois se conheceram na casa de Roger Walsh e Francis Vaughan. Foi a primeira vez que os dois amigos concordaram no diagnostico de que essa seria uma pessoa certa para Wilber. Este estava sozinho e triste, depois de um casamento de dez anos e de uma separação amigável. Descreve a festa em que Wilber atuou como terapeuta de um jovem casal, e depois abraçou inocentemente a moça na cozinha da casa. Como se apaixonaram a primeira vista, e como ele a pediu em casamento 10 dias depois desse encontro. Da pág. 13 a 16, Wilber faz um resumo de sua vida estudantil até escrever o espectro da Consciência. Treya morara três anos em Findhorn e ajudara a fundar a Windstar, junto com John Denver.


Capitulo dois – Além da física.

Trata dos preparativos para o casamento e de uma discussão sobre o livro que Wilber escreveu nesses três meses, “Quantum Questions”. Como os grandes físicos quânticos perceberam as limitações da física e se tornaram místicos eles próprios. Conta como Treya foi fazer um check-up e detectou um nódulo nos seios, mas mesmo assim seguiu com os planos para o casamento, sem se preocupar muito.

Capitulo três – Condenado ao significado.

Como a viagem de lua de mel foi cancelada na véspera com o diagnostico do Câncer. Conceitos de enfermidade (illness), a doença em si, e doença, que é seu significado cultural e social. A separação desses dois aspectos, e como precisamos criar um significado para o que nos acontece. Uma busca frenética por informação, e as várias definições de doença (pág.48).

Capitulo quatro – Uma questão de balanço.

Como o equilíbrio entre fazer e ser, masculino e feminino, era central na psicologia de Treya. Como ela ainda não encontrara (assim como eu) seu Daemon (O trabalho de sua vida, conectado ao seu eu superior). Como ela abriu mão de seu ego ao dizer que como esposa ajudaria o marido neste maravilhoso trabalho de sua vida, cuidando da casa, fazendo tudo para ele trabalhar tranqüilo. Como ela tomou posse de sua doença, questionando médicos, indo atrás da informação. Passaram o verão em Aspen, e ele escreveu “Transformations of Consciousness”. Para quem tem câncer, qualquer sensação pode significar o desenvolvimento de outro Câncer. No final do capitulo, os dois contam como compraram uma casa fora de São Francisco, numa espécie de Country Club. Treya engravidou, e teve que abortar, pois a gravidez ajudaria a doença. Ela se ressentiu de Wilber, que hesitou em apoiá-la, e escolheu o aborto rápido demais, sem perceber o que o filho significava para ela. Ao final de um ano, os dois puderam relaxar um pouco da montanha russa que vinha sendo suas vidas.

Capítulo cinco – Universo dentro.

Wilber nos dá uma excelente introdução sobre meditação, dizendo que, apesar de todos os seus benefícios, a meditação basicamente é uma prática espiritual. Na seqüência, Treya o entrevista sobre o tema da “filosofia perene”. Atua como uma espécie de “advogada do Diabo”, questionando-o implacavelmente. A entrevista segue com Wilber explicando os pelo menos sete pontos em que as principais tradições do mundo concordam: Que deus existe; que ele está dentro de nós, que há um caminho direto a ele, que passa por abandonar o ego. Wilber explica o sacrifício de Jesus como parábola para o sacrifício do ego, e a ressurreição como parábola para o “Self” emergindo na Psique.
O capitulo fecha contando a experiência de pico que Treya teve na adolescência, quando pareceu subir com a fumaça de uma fogueira e se dissolver no ar. Aquela experiência a motivou no caminho espiritual.

Capitulo seis - O corpo mente caindo!

Treya descreve sensações de seu retiro de dez dias de meditação. Descobre ao tomar banho mais dois nódulos no seio direito. Wilber termina de escrever “Transformações da consciência”.
Diferenças e abordagens de meditação: Discussões sobre o novo livro.
Excelente explicação sobre Alma e espírito: 102. Alma é a morada da testemunha. O espírito morre a testemunha e se funde com os objetos. Não há mais nenhuma dualidade entre o visto e o que vê. Esse é o espírito!

Capítulo sete – Minha vida mudou de-repente.

Treya recebe a noticia de que há recorrência do câncer. Há a dúvida se o câncer está só no tecido do seio, ou se alojou na parede do tecido peitoral, o que seria péssimo. Decidem extrair o seio (mastectomia). Ficam tranqüilos por um período, mas treya ouve opinião de outros especialistas, que acham provável que o câncer tenha se alojado no tecido muscular do peito. A possibilidade da quimioterapia aparece como a melhor opção. Ao falar com um especialista do Texas, este sugere o tipo mais forte e destrutivo de quimioterapia que existe. Frente a essa decisão, ligam para o patologista, a primeira pessoa que investigou o tecido canceroso. Este relata que foram as células mais destrutivas que ele já presenciou em sua vida profissional. Decidem pela quimioterapia forte.

Capitulo oito – Quem sou eu?

Aqui, começam o tratamento forte. As reações alérgicas de Treya são imensas. Wilber lê trechos de “No Boundary”, para distraí-la. Ela não consegue parar, vomita de meia em meia hora. Toda a situação é desgastante. Wilber lê um trecho muito bonito do livro, onde descreve o “sentimento de apenas ser si mesmo sempre igual” é base fenomenológica para a existência da testemunha, já que todo o resto muda o tempo todo, corpo, memórias, emoções, etc. Wilber descreve a rotina de remédios e tratamento ao longo desse ano, extremamente desgastante. Adianta que este ano causou estragos emocionais profundos na relação dos dois, que se revelou no ano seguinte.

Capitulo nove – Narciso ou auto-contração.

Wilber começa de forma dramática, descrevendo como começou a beber e por quatro meses bebeu, até finalmente comprar uma arma para dar fim a sua vida. Conta como foi vitima de uma doença desconhecida, que apareceu na região onde compraram a casa nova, que o deixava exausto. Conta como culpou Treya pelo fato de abandonar a sua vida pessoal, seu trabalho, e até a prática da meditação. Treya assume que tentava controlar a atenção de Wilber o tempo todo. “Amava-o tanto que queria ficar com ele o tempo todo”. Isso o sufocava. Ficou deprimido, e acusava-a pela sua miséria.
Wilber, no final do capitulo, conta como foi a briga em que bateu fisicamente na mulher, por uma bobagem, e como foram para a terapia de casal.

Capítulo dez – Tempo para cura.

O capitulo descreve o inicio da terapia de casal, como o “curso em milagres” ajudou um ao outro a se perdoarem, um jantar com um antigo mestre Zen de Wilber (Katagiri) , a busca por uma abordagem que servisse para os dois (Treya achara a abordagem de Trumgpa loucamente radical para ela). Da Free John foi citado como o guru de quem Wilber emprestou o conceito de caminho do yogue, dos santos e dos sábios.



Capítulo onze – Psicoterapia e espiritualidade.

Wilber descreve a entrevista com Edith Zundel, onde explora todo o espectro da consciência, e a relação entre psicoterapia e meditação. Toda entrevista acontece com o medo do telefonema recém recebido do hospital, sem esclarecimento, apenas convocando os dois para uma discussão sobre exames. O que será? Ele pensa durante toda a entrevista.

Capítulo doze – Numa voz diferente.

Treya descobre que está com diabetes, e um novo inferno começa em suas vidas. Novas limitações, rotinas em hospitais, alimentação, exames de sangue diários. Após a tentativa de lidar com a nova doença com um novo remédio europeu, finalmente a insulina é necessária. Wilber explica algumas características dessa terrível doença, que pode causar cegueira ou amputações.
Treya discute alguns conceitos ligados á legitima espiritualidade feminina. Como seria? Não há literatura disponível, então ela faz um “brainstorm”.
Treya e sua amiga Vicky desenvolvem um novo conceito de casa de apoio a quem tem câncer, tentando um enfoque mais feminino e inclusivo. É convidada a um debate no programa “Oprah Winfrey”. Treya, numa noite em Tahoe, redescobre seu “Daemon”, trabalhar com as mãos, em vitrais e pinturas. Algo simples com o qual ela havia perdido contato, desde Findhorn. Descreve em êxtase, a alegria dessa descoberta, que soa “como voltar para casa”.
Visitas a Sam (shamblala) e a Boston, para tratamento. Visitas a igrejas.

Capítulo treze – Estrella.

Novamente uma recorrência. Dessa vez treya decide não fazer quimioterapia. Decide buscar tratamentos alternativos. Os dois ficam pasmos com a reação dela a nova incidência. Ela está bastante serena dessa vez.
Chris Habib – Uma curadora com as mãos. Cenas hilárias dela trabalhando em Wilber, dizendo que há dez canais abertos em sua cabeça Coisa que acontece apenas em cada dois mil anos. O ultimo foi Buda. Wilber ri histericamente. Treya toma seu ceticismo como falta de apoio. Aprendizados sobre como ser uma pessoa de suporte. Wilber fala sobre as energias bioenergéticas serem nível dois em seu modelo. Ele acredita no que ela faz, e não no que ela diz. Não em sua interpretação ou tradução, que cheia de magia.
Enfim, Treya discute no carro, voltando para casa, um livro de um psicanalista, sobre a causação emocional do câncer, e diz que algumas coisas aplicam-se a ela.
No final, treya conta a história de seu sonho de Findhorn, em que via seu nome sendo “Estrella”. Decide, então, criar coragem e mudar seu nome para Treya, ao invés de Terry, que é muito masculino. Treya combina mais com a sua nova personalidade feminina. Ela o faz em seu aniversário de 40 anos.

Capítulo quatorze – Que tipo de ajuda realmente ajuda?

Wilber nos fala do encontro que os dois conseguiram fazer para ter um único guru. Kalu Rimponche. Um Tibetano incrível que meditou em solidão por treze anos nas florestas do Tibet. (Há um grupo em São Paulo que pertence a mesma linhagem de Kalu, na Pamplona). Wilber passa então a descrever o retiro que os dois fizeram com Kalu. Descreve incríveis praticas meditativas do budismo tibetano. Como Tonglen, onde o meditador deseja absorver a doença de outro para si mesmo.
Com a prática de Tonglen, Treya escreve um artigo para a revista New Age Magazine, que chama a atenção do programa da Ophah.
Segue artigo na integra.248.

Capitulo quinze – New age.

O casal se muda para Boulder, no Colorado. Treya, apesar de estar bem, tem sonhos premonitórios com novas recorrências. Wilber escreve um rascunho de 800 páginas sobre a grande cadeia do ser, e Treya lê todo o material, dando sugestões, as quais Wilber acata e modifica o seu livro. Os dois tem um período muito feliz, por um tempo.
Wilber escreve seu famoso artigo sobre a abordagem da nova era para a doença.(Artigo traduzido por Ari Raynsford, em seu site).
Treya faz um escaneamento dos ossos e está tudo bem!
Depois do natal, Treya nota um embaçado no canto dos olhos e resolve investigar.
Após o exame, o medico chama Wilber de lado e diz que ela está com tumores no cérebro. Wilber passa mal, mas não diz a ela o que está acontecendo. Ela mesma descobre ao ligar para o médico mais tarde em casa, em tem um acesso de fúria. Os dois novamente estudam as opções e resolvem ir a alemanha.

Capítulo dezesseis – Ouça esses pássaros cantando!

Treya entra na clínica alemã, em Bohn, onde existe uma quimioterapia fortíssima, muito mais forte que a americana (Adriamicina). Ela adora o médico responsável, um homem culto e menos preconceituoso com abordagens não convencionais.
Ela pega uma gripe e demora três semanas para iniciar o tratamento. São três rodadas de quimioterapia, com intervalos de duas a três semanas para os glóbulos brancos se recuperarem.
Wilber explora a cidade alemã, cozinha para ela, acende velas para ela na igreja da cidade. Os pais de treya e amigos (Vicky, Edith) chegam e o estado emocional de Treya, apesar das circunstancias, é ótimo. Ela faz amigos, todos a amam e querem ficar com ela.
Depois da primeira rodada de tratamento, seu estado é bem melhor do que quando usou Adriamicina, por causa de outros remédios de apoio que amenizam os efeitos colaterais.
Quando sua contagem de glóbulos brancos atinge um nível seguro, o casal e os pais de Treya partem numa viagem de carro para Paris.

Capitulo dezessete – A primavera é agora minha estação favorita!

Conta a viagem de carro para Paris. Há um acidente de carro na entrada da cidade. Ficam no Hotel Ritz, dão uma volta pelas redondezas, conhecem o bar preferido de Hernest Heminguay, onde Gerschin compôs “American in Paris” (O piano ainda está lá). Vão a uma exposição de van Gohg. Wilber fica petrificado com Van Gohg. Segundo ele a arte pode transcender, de tão bela, e fazer o sujeito se fundir com o objeto, e ser uma ponte temporária para o não dual (Interpretação de Shopenhauer).
Para voltar, deixam os pais de Treya e vão com sua irmã e o cunhado. Na volta, mais visitas a pequenas cidades, caminhadas, igrejas.
Ken pede a seu amigo dono do hotel para reservar um motel fora da cidade, para o final de semana. Algumas histórias hilárias acontecem, como a do garçom que tem um buraco em seu estomago, que aluga-os por uma hora.
Em seguida, a estrela de ouro que havia sido perdida na viagem de volta reaparece no bolso de uma calça. Todo um processo de desapego aconteceu em cima da perda da jóia.
Treya tem que ser isolada das visitas, e Wilber começa a ficar mal. De-repente percebe que Treya vai morrer. Sai com o amigo para um porre. Na manhã seguinte, vai dar um passeio nas montanhas ali perto, e percebe como Treya o ajudou a abrir seu coração. Como um foi importante para o outro,como são complementares.
Vai para uma cidadezinha, quer beber. Está com pena de si mesmo, e com raiva de Treya por estar morrendo. Entra num Pub, onde há um grupo de senhores dançando. Ele bebe, e acaba sendo puxado para dentro da dança. Dança por umas duas horas, tempo em que digere e aceita a sua situação.
Volta para Bohn, a tempo de receber as novas notícias, que não são muito boas. Depois da segunda rodada de quimioterapia, o tumor ainda não foi vencido, e para piorar, há mais dois tumores. Treya chora e é amparada por Wilber. Começa a antever o que virá. Ondas de medo cruzam o seu corpo, ela tenta aceitar equanimente essa experiência. Escreve uma carta para amigos, colocando a situação.
Como há um tempo entre o segundo e o terceiro tratamento, decidem voltar para Boulder.

Capitulo dezoito – Não estou morta!

O casal volta a Boulder, e Treya vive em três semanas totalmente imersa no momento presente, usando a finitude da vida como seu mestre. Wilber retoma sua meditação acordando as cinco da manha, e meditando entre duas a três horas por dia. Sente vagarosamente a testemunha retornar a sua consciência.
Treya usa citações de Ramana Maharshi, que a ajuda a encontrar um lugar de não sentir auto-piedade.
Treya cita passagens do filme “minha vida de cachorro”. Na véspera de embarcar, são presenteados com um show de seu cachorro atrás de uma presa.
Novamente em Bohn, Wilber sai para um passeio noturno e entra num nightclub. Conhece Tina, que o convida para subir num cubículo e ficar mais a vontade. Lá em cima ela tira totalmente a roupa, e ele se dá conta como sente falta dos dois peitos. Acaba acariciando-os e logo em seguida vai embora. Conta a Treya dias depois, e ela diz : Você devia ter ficado e ido até o final.
Dias depois encontram Fritjof Capra, que levara sua mãe aquela mesma clinica. Wilber declara como gosta pessoalmente de Capra, embora tenham diferenças teóricas.
Antes de iniciar a terceira rodada da quimioterapia, o médico Dr. Sheef, desiste do tratamento por avaliar que não será efetivo no caso dela.
Antes de voltar aos EUA, dão uma última volta pela região, e partem de trem, com uma bela paisagem e seus 28 castelos!

Capitulo dezenove – Equanimidade apaixonada.

O casal resolve testar o tratamento chamado de Kelley-Gonzalez. Um dentista que se gabava de ter se curado e mais 25 pacientes usando enzimas pancreáticas. As enzimas dissolveriam o tecido canceroso, assim como fazem com o alimento. O estressante é que os sinais de melhora aparecem nos exames da mesma maneira que o aumento do tumor. Então, embora os médicos dissessem que ela estava melhorando, os exames aparentavam mostrar o tumor aumentando. O exame inicial revelou cerca de quarenta tumores nos pulmões, dois ou três no fígado, mais dois no cérebro.
Treya descreve a incrível rotina de remédios e alimentação estritas a que tem que submeter em intervalos de 10 dias, com cinco dias de descanso. Os pareceres médicos começam a ficar cada vez mais contraditórios. Os médicos tradicionais dão a Treya um máximo de três meses de vida. Gonzalez diz que Treya está melhorando.
Mantendo o otimismo, Treya decide passar um mês em Aspen, enquanto Wilber parte para um retiro de Dez dias, no Canadá. EM Aspen, O casal presencia o Casamento entre John Denver e Cassandra (amigos de Windstar).

Capítulo vinte – Uma pessoa de suporte.

O programa continua, e duas expectativas contraditórias se apresentam: Morte em meses ou recuperação. Treya é convidada a falar em Windstar, e faz um discurso onde é ovacionada. O discurso é filmado. Wilber decide escrever uma carta para pessoas que são suporte, descrevendo a incrível situação dessas pessoas, que não tem direito a ter problemas pessoais, frente ao problema obviamente maior da parceira. Descreve a si mesmo como uma “esposa japonesa”.
Em seguida, descreve o Dzogchen, um budismo radical, que é contra a prática de meditação, e insiste em mostrar diretamente que aqui e agora, tudo já é espírito, e é inútil e tolo buscá-lo de qualquer forma. 366.
Wilber descreve o incrível dialogo ente o médico e Treya, quando ele pergunta: Treya, você tem medo de morrer? Ela diz não tão sinceramente, que ele se emociona com a falta de auto-piedade dela e diz: É uma honra trabalhar com você.

Capítulo vinte e um – Graça e coragem.

Wilber apenas posta alguns trechos do diário de Treya, até o momento em que ela não consegue mais escrever. Passa a tomar oxigênio, toma um remédio por dois meses que pretende amenizar as dores e pressões na cabeça. Fica cega em seu olho esquerdo. Wilber descreve o vinculo psíquico que começa a se manifestar entre os dois: Ela pensa, ele traz aquilo. Treya faz uma cirurgia na cabeça para retirar um excesso de massa que pressiona.
Passam o natal em sua casa, sozinhos, e recebem cartas dos amigos e parentes. No ano novo, Treya diz que não quer mais seguir em frente. Wilber pede uma semana para ela.

Capítulo vinte e dois – Para uma estrela radiante.

Quarenta e oito horas finais. Depois de uma semana, ela decide morrer. Deita na cama, e uma hora depois, seu sistema vital começa a desligar. Wilber chama a família, na manhã seguinte. Naquela noite, ela acorda as três e meia da manhã, pede morfina, e eles tem a sua última conversa. Ela fecha seus olhos e nunca os abre de novo. Ventos violentos circundam a casa. Cleire chega para medir pressão e checar sinais vitais. Alguém diz que ela está bonita, e ela inconsciente, responde: “Obrigada”.
No momento de sua morte, Treya abre seus olhos uma última vez, olha para todos no quarto, olha para Wilber e cessa de respirar. Wilber mantém seu corpo ainda por 24 horas sem ninguém tocar. Naquela tarde, uma hora depois, todos saem exaustos para tomar algo, e quando voltam, a boca dela está fechada (ela morreu de boca aberta e ninguém conseguira fechar). E ela está sorrindo.
À noite, Wilber permanece lendo para ela orientações do livro tibetano dos mortos, que orientam como reconhecer o nível causal e ficar lá para sempre. No meio da madrugada, há um estranho estalo no quarto e Wilber tem a intuição que Treya reconheceu sua identidade suprema e se dissolveu no Kosmos.
Seguem descrições da cremação, da cerimônia de despedida, conduzida pelo amigo Sam, o mesmo que estava quando Wilber a pediu em casamento.

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