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sábado, 17 de julho de 2010

Up from Eden - Ken Wilber


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Up from Eden. A Transpersonal View of Human Evolution – Ken Wilber. Quests Books.  1996.
 
Prefácio da nova edição. (1996).
Wilber procura endossar sua visão evolucionária para a história e para cultura humana. Segundo ele, grupos intelectuais como os retro-romanticos, teóricos da sociedade, etc. negam a abordagem desenvolvimentista e hierárquica para a cultura. Nesse prefácio, ele endereça as razões pelas quais precisou escrever esse livro: Basicamente, "Reunificar a historia humana ao estudo da biologia evolucionária". Apresenta cinco justificativas, hoje já clássicas da visão integral. Dialética do progresso, diferença entre dissociação e diferenciação, etc.
 
Prefácio (original).
O autor traça algumas considerações sobre as abordagens teóricas usadas no livro, a estrutura, o objetivo dessa obra.
Introdução.
Wilber trata da história como sendo o desenrolar no tempo de Deus lembrando-se de si mesmo. A única área de conhecimento que investiga o propósito da história é a teologia. Cita os teólogos em sua premissa: “Para algo ter qualquer significado, é preciso que outro algo externo aponte para aquilo e tome consciência se sua existência.” Traça então considerações sobre a visão positivista/cientifica da história, que deixa de fora a questão do significado. Em seguida valoriza a Filosofia Perene, fonte de sabedoria de todos os sábios, santos, grandes cientistas de todos os tempos, fundamental para o endossamento teórico de sua visão evolucionista. Cita dessa fonte o fato de Deus ser uma experiência interior, nosso chão e solo existencial último, onipresente, nosso destino final. Afirma que essa será sua abordagem para a espiritualidade nessa obra.
Grande Cadeia/Projeto Atman.
Apresenta o conceito de evolução da matéria para o corpo para a mente para a alma para o espírito. Apresenta a tese do “Projeto Atman”. Nela, todo ser humano deseja em última instância alcançar Atman. Neste anseio estaria, segundo ele, a raiz de todos os desejos e impulsos da alma humana. Em cada nível da escada evolucionária, este anseio básico é interpretado de uma forma especificamente distorcida (para detalhes, veja a obra "O projeto Atman" do mesmo autor). Todos nós temos uma forte intuição de Atman, desejamos com fervor a liberação, a iluminação, etc. Ao mesmo tempo em que mais o desejamos, é o que mais tememos, pois a liberação significaria a morte do eu separado. O próprio eu separado é um substituto subjetivo para Atman, enquanto os desejos mundanos são substitutos objetivos para Atman. O autor diz que ao longo dos capítulos fará uma investigação dupla: Qual é o estágio médio e o estágio máximo alcançado pela humanidade em seu nível de consciência, em cada período histórico abordado.
A natureza da cultura e a negação da morte.
Wilber afirma que toda cultura é a tentativa da humanidade de negar a sua mortalidade. Desenvolve a idéia do projeto Atman, e diz que a evolução histórica é o projeto Atman em ação coletivamente nos vários estágios de desenvolvimento das sociedades humanas.
 
Três perguntas.

  1. Quais as formas de transcendência disponíveis em cada época para as pessoas.

  2. Com os caminhos falhando, quais substitutos para a transcendência foram criados, tanto subjetivos quanto objetivos?

  3. Quais os custos para as pessoas da época?
 
Parte um: Contos do Éden.
 
Capitulo um: A serpente misteriosa.
 
Neste capítulo inicial o autor apresenta o trabalho de Jean Gebser. Explica o símbolo da serpente (Uroboros) como representando esse nível de quase total imersão do homem na natureza. Em quase todas as culturas a figura da serpente aparece, em muitos casos mordendo o próprio rabo (imerso em sua própria subjetividade – narcisismo). Argumenta que todos os potenciais cognitivos-espirituais superiores já estão presentes, porém não estão sendo usados (Axioma que será abandonado na fase Wilber 5) . O hominídeo aqui (de seis milhões a quinhentos mil anos atrás) está funcionando principalmente nos centros reptiliano (uroboros!) e límbico do cérebro. O córtex cerebral está presente, mas não é usado. Wilber escreve, para meu desgosto: “Não vou citar dados científicos. Todos os outros autores já o fizeram”.
Parte dois: Tempos do “Tífon”.
Capitulo dois: Os antigos mágicos.
Começa o autor a descrever a diferença entre a “Uroboros” e o “Tifon”, as figuras míticas que ele escolheu para representar os níveis de consciência da época. O Tífon é totalmente imerso na natureza. Não tem praticamente nenhuma consciência de si mesmo. A Uroboros apresenta um leve diferenciamento em relação ao primeiro. Já se percebe como diferenciado da natureza e do meio ambiente, embora ainda se sinta fundido ao grupo. Viveu entre 200 mil e 15 mil anos atrás. Vivia em grupos de 20 ou 30 membros, e suas atividades principais era a coleta e a caça. A sociedade era bastante igualitária. Não havia hierarquia. A propriedade era de todos. Essa época é bastante idealizada pelos retro - românticos, que o identificam com um tipo de paraíso na terra. Mas, como Wilber argumenta, o homem era muito rude e primitivo, tanto para o bem quanto para o mal. Seu estado de consciência é descrito como mágico. Funciona como na realidade dos sonhos. A natureza é anímica, tem desejos próprios. Embora tenha se diferenciado do ambiente, o homem ainda permanece fundido, porém fragmentado. Pedaços do meio ainda são “vivos” (pouca diferenciação entre sujeito e objeto). Cognitivamente, o “Tifon” se caracteriza por estar a mercê da “lei da similaridade” (Aquilo que tem características em comum são considerados "iguais") e pela lei do contágio (A proximidade é confundida com a identidade. Parte de uma coisa contém substância daquela "coisa"). Pág.52. Portanto, a Arte Paleolítica (ou Rupestre) tem como função influenciar magicamente a realidade que representa. Por fim, Wilber traça algumas diferenciações entre o pensamento mágico e o nível psíquico (nível 5).
Capítulo três: A aurora da morte.
Wilber argumenta que com a imersão de um ego, mesmo frágil e vulnerável, emergiu também a ansiedade da separação. “Onde há outro, há ansiedade” (Upanishads). Ele introduz a idéia do “Projeto Atman”. A idéia de que o homem intui a realidade última, deseja-a acima de tudo, mas da mesma forma a evita, pois alcançá-la significaria morrer para esse próprio ego incipiente. Esse é o “Projeto Atman”. Eros e Thanatos. Dois impulsos contrários. Um procura  permanecer parado. É conservador. Não quer se sacrificar. Quer se preservar (Eros).  O outro desafia a estabilidade dada e faz seguir em frente. É um agente desestabilizador (Thanatos). Para o homem urobótico, Eros , ou a perpetuação da vida, acontece quando ele está com o estômago cheio. A fome move Eros para Thanatos, neste primeiro nível. No homem tifônico, não se trata mais da fome, mas de perpetuar um sentimento de ser "si mesmo", agora e agora e agora. Esse ego inicial também passa a vivenciar o tempo linear como uma defesa contra a ansiedade básica da dissolução na natureza.
Formando um tripé com o tempo e o ego, está a cultura. “Enquanto o tempo foi criado como uma expansão da consciência e para negar a morte, a cultura é o que era feito com esse novo tempo”. E a Cultura Tifônica visava perpetuar Eros, através da mágica, e evitar a morte. ”Onde há mágica não há morte”, era a premissa. Guerreiros poderosos levavam colares e enfeites mágicos, de acordo com seus feitos. Quanto mais colares, mais poderoso o guerreiro, obviamente.

Capítulo quatro: Viagem ao superconcsiente.

Wilber estuda no capítulo a figura do Xamã. Teoriza que todo Xamã vivenciava sensações dramáticas no corpo, que poderiam resultar ou em psicose ou na transcendência e integração de níveis transpessoais, em especial, no nível por ele chamado de "Psíquico". Aproveitando a deixa, introduz sua idéia de três níveis transpessoais. Psíquico, sutil e causal. É uma ótima explicação. Pág. 84. Todo Xamã, segundo Wilber, é um “Kundalini Yogue”. Alguém que entra em êxtase pela força da vontade consciente. Isso faz dele alguém que transcendeu os objetos substitutos do Projeto Atman dos homens tifônicos da época. Embora ele seja capaz de transitar pelo nível de consciência dos homens da época. Nesse capítulo Wilber discorre longamente a respeito da diferença entre as  funções translativas e transformativas, na evolução da consciência. Usa para isso a analogia de um  prédio. Quando estamos num andar e mudamos os móveis de lugar, estou transitando no aspecto translativo. Quando mudo de andar, tanto para cima quanto para baixo, estou transitando no nível transformativo.
Wilber fecha o capitulo introduzindo a interessante idéia de que toda neurose moderna é o nível mágico agindo em nós. A neurose pode ser vista como um exemplo da confusão entre o todo e as partes, limitação cognitiva típica do nível tifônico. Por exemplo: Se tenho uma fobia de ruivas porque tinha uma tia ruiva que era má, estou agindo como se todas as ruivas fossem más! “A mágica não transformada e mal integrada se torna mágica disfarçada em doença”.

Parte três: No Nível do Membro – mítico.

Capítulo cinco: Choque de futuro.

O período mágio-tifônico se estende de 200 mil anos até mais ou menos 12 mil antes da era cristâ. Por volta dessa época, a humanidade inventou as técnicas de plantio. Isso levou a maior mudança histórica e cultural que o homem já presenciou. Num prazo de poucos milênios, inventamos a linguagem, e com ela, a percepção do  tempo mais estendido. O tempo apareceu ali, já que para a atividade do plantio era necessário planejamento e preparos para a colheita (futura!). Aprendemos a postergar, ou adiar o benefício de nossa ação. Plantamos hoje para colher amanhã. Wilber descreve o que chama de a “mentalidade fazendeira”, e chama a atenção que nosso sindicalista atual , ou o nosso religioso, o trabalhador empregado em geral partilha até hoje dessa mesma mentalidade, nascida há doze mil anos (Ou, em termos de Piaget: Nível cognitivo concreto - operacional).
Com a maior individualização do homem, ocorre uma maior consciência da morte e da finitude humana. Isto é evidenciado pelas tumbas encontradas do período, com motivos trabalhados, artefatos, etc. O homem busca prolongar a sensação de seu ego separado ( Seu "Eros", e seu Projeto Atman específico).
A língua se torna agora o maior veículo temporal. O Homem Tifônico não tinha a língua estruturada como o Homem de fazenda, portanto não experimentava o tempo estendido. Vivia imerso no presente. Possuía paleosimbolos com um repertório muito curto. Sua cognição primitiva confundia o todo com as partes; Confundia o sujeito com o predicado.
Julian Jaynes descreve as fases de evolução da linguagem da seguinte forma:
1 – Chamados intencionais (Período glacial);
2 – Modificadores (40.000 BC);
3 – Comandos (40.000 a 25.000 BC);
4 – Substantivos (25.000 a 15.000BC);
Nomes (10.000 a 8.000BC).
Apenas na consciência de fazenda a linguagem se estabelece como o veiculo dominante do ego, ou do eu separado. Somente com a ferramenta da linguagem alguém consiguiria atravessar uma tarde inteira plantando. O homem tifonico esqueceria da tarefa e faria outra coisa.

O mundo simbólico.

Inicia-se o processo de reprodução cultural, ou o que conhecemos como história humana. Emerge  o que Wilber chama de noosfera (Ou: Como a atmosfera, só que para a cultura). Símbolos não podem ser apreciados pelos sentidos. Símbolos transcendem os sentidos. São objetos mentais. É um momento portentoso, onde a evolução avança um grande passo.
Aparece o dinheiro: Um modo simbólico e mental de transferir benfeitorias. Wilber inicia uma discussão sobre o trabalho de Becker. Confere-lhe crédito, mas discorda de sua visão materialista. Descreve como a religião e toda atividade cultural são substitutos para Atman. O dinheiro passa a ser o novo símbolo de imortalidade.
O salto evolutivo do período significou que a vida deixou de ser vivida em bandos de 20 pessoas e passou para cidades com 200 pessoas (9.000 BC). Em 5.000BC, seu número chegaria a 10.000 pessoas. Em 1.500 BC, 50.000 pessoas!
Wilber descreve a base do sentimento de pertencimento na base da própria estrutura da língua (Estuda a relação entre o código e a descrição do mundo a la Castaneda). A corrente mental, o diálogo interno,  a voz interna. O fluxo constante da consciência. De novo retoma Becker e o conceito da “Bicameral Mind”.

Capítulo seis: A grande mãe.

Tanto no período tifonico quanto no período baixo da era do pertencimento (9.500 BC a 4.500 BC), a humanidade reverenciou a figura da Grande Mãe. (Em 4.500 BC chamamos de período alto da era  do pertencimento, quando aconteceu uma explosão cultural sem precedentes na história). Emerge então no período anterior um novo medo da morte, e novos substitutos para a imortalidade. As pirâmides simbolizam essa tentativa de vencer thanatos. O nascimento da civilização corresponde ao nascimento de grandes egos!
O autor faz distinção entre a figura natural-psicológica do mito, que chama de “Grande Mãe”, e a figura metafísica-mística, que chama de “Grande Deusa”. Com isso, diferencia os níveis de consciência 3 (mítico) e 6 (Sutil), de acordo com a taxionomia proposta.
Traçando paralelos onto-filogenéticos, aos cinco meses o bebê começa a se diferenciar da mãe. Esse processo se completa aos 18 meses, e aos 36 meses ele termina. “A mãe é a parceira com quem a criança desenvolve seu drama de separação”. O pai só entra em cena na fase do ego.
A relação com a mãe envolve o conflito entre ser um ser separado e o "não ser" (Nível urobótico) ; Entre estar imerso e indiferenciado. Essa dupla abordagem sustenta a visão antagônica entre a mãe boa (Grande protetora) e a mãe má (Grande devoradora).
As evidências arqueológicas encontradas sustentam essa idéia. As primeiras esculturas paleolíticas iniciais eram figuras maternas. Essas estatuetas foram talvez o 1º objeto de posse da humanidade. Em algumas tumbas foram encontradas até 20 estátuas!
O sacrifício estava no centro da mitologia da época. A lua era vista como “amante” da terra. A lua morria três dias, e renascia para um novo ciclo. Na época não se associava gravidez com sexo. Crianças a partir de cinco anos já faziam sexo e não engravidavam. Transava-se 100 vezes e a menina/mulher só engravidava uma vez a cada nove meses. Qual a razão? Para aquelas mentes era bastante óbvio: A causa era o sangue! O sangue era o responsável pela gravidez!
Quando ela estava grávida ela não menstruava! Portanto, concluíam,  o "sangue"(menstruação) tinha “fecundado” a mulher!
O conceito de pai também não existia. O filho era o seu próprio pai (Transava com a própria mãe). E morria para renascer. A figura do falo e do amante era bastante secundária naquela sociedade.
Wilber chama atenção para a semelhança com a mitologia cristâ: A grande mãe era a Deusa, e a amante era virgem. Os primeiros homens cristãos se reuniam (como fazem até hoje) em clubes para celebrar a sua masculinidade.
A conclusão mágica da época era que a mãe natureza precisava de sangue para ser fértil. Pois a vida dependia de sangue para existir. A crença social implícita e semi - consciente poderia ser descrita assim: “Se você quer promover a vida, você tem que comprar sangue”. A partir dessa premissa, o banho de sangue que caracterizou a época é compreendido. Até os Reis voluntariamente se sacrificavam (Regicídio) pelo bem de sua comunidade.
O Ritual com sacrifício era o substituto mágico para a transcendência e para a imortalidade.
Os mitos contam muitas histórias de o que acontecia com aqueles que ousavam desafiar ou trair a “Grande mãe”. O final dessa estória é sempre trágico. O ego, portanto, não conseguia se desvencilhar da natureza, de seu pertencimento imerso, de sua sina indiferenciada. A estória que estes mitos contam é sempre a mesma: A ideologia/condição da grande mãe demanda a grande dissolução: O sacrifício do Eu separado.
 
Capítulo sete: A Grande Deusa.

No Egito apaarecem as primeiras intuições do nível sutil, ou Sambogakaya. A imagem do faraó com a cobra entre os olhos arquetipicamente a descreve.
Havia uma relação simbólica entre o nível sutil e o nível mítico médio. Entre o mais alto e o comum daquele período. Os mesmos símbolos serviram bem aos dois níveis. Por exemplo: O Xamã, com seus acessos ao nível psíquico sustentava a crença popular em mágica. Como os símbolos eram os mesmos, os estudiosos não detectaram a diferença. (A mesma diferença que há entre translação e transformação). Um sustenta e dá significado ao outro.
O Ego, para ingressar no nível Sutil , precisava ser abandonado, ou “sacrificado”. A idéia do “sacrifício” se encaixava muito bem, portanto, como parábola para o abandono transpessoal do Ego.
A idéia cristã de sacrifício, ressurreição depois de três dias e renascimento era uma idéia de origem pagã, originalmente. Significava um sacrifício real, de um ser humano real, em sua gênese.
O mito da Grande Deusa vai se tornar o mito do Deus poderoso na era patriarcal.

Capítulo oito: A Mitologia do assassinato.

O pior que os tifônicos chegaram em termos de sacrifício e mutilação foi cortar a pontinha dos dedos. A idéia do sacrifício evoluiu com a consciência, com a maior percepção da morte. O sacrifício de outro ser humano evoluiu com o tempo para o sacrifício de uma outra nação inteira. Tal foi esse período bárbaro da história
Wilber retorna neste capítulo à teoria apresentada no livro "O espectro da consciência" ( e descartada nas fases seguintes de sua obra): A 1ª repressão-projeção foi a do sujeito-objeto.
Eros e Thanatos” são os dois fatores dinâmicos de qualquer  fronteira criada. Eros é a força do ego atrás de substitutos para Atman. Thanatos aparece nas crises do ego que geram a transformação. (ou seja: Para Wilber, não há a tal "transformação pelo amor"; Só pela via da crise!).
Eros gera vida, Thanatos gera morte.
Da mesma maneira que Eros pode ser ativado pela consciência, Thanatos pode ser projetado para fora e atuado, como instinto de assassinato.  Freud descreve o instinto de agressão assassina, carregada de medo por trás. Mas Thanatos não é o desejo de voltar a um estado inanimado. Antes, é o impulso do espírito em direção à transcendência. Então, o assassinato é uma nova forma de sacrifício substituto, ou de transcendência substituta. Da mesma maneira, segue que a transcendência genuína é a única maneira de curar o animal homicida no homem. O homem, segundo o autor, é o único animal que mata por ódio. O coiote não odeia o coelho ao matá-lo. Ele o ama, por prover-lhe o alimento. Citando Arieti: "O Ódio violento é uma construção cognitiva e conceitual". Seguem exemplos na mitologia. Sumérios. Pág.165.
Porque o assassinato tem sido tão popular, pergunta o autor ao final: Porque é um tipo de sacrifício substituto (assim como o dinheiro) a serviço do Projeto Atman muito mais acessível ao homem comum do que construir pirâmides e do que a mumificação.
 
Capítulo nove: Polis e Práxis.
 
A Polis para os Gregos era o local da verdadeira relação humana, através da comunicação verbal. É comunidade humana partilhada. Intersubjetiva. Práxis é a atividade básica da Polis. Ela idealmente é significativa e eticamente é engajada. A Praxis marca o momento especificamente humano na Grande Cadeia do Ser. A Praxis difere da “Tehcne”. Esta lida e manipula a natureza, os níveis mais baixos da Cadeia do Ser.
A Polis é a forma mais alta de conquista de unidade, até então. A primeira forma de governo e organização política é o reinado, que traz consigo avanços e malefícios.
Segundo o autor, os primeiros reis datam de 9.000BC. Eles se sacrificavam voluntariamente a fim de fecundar a terra e garantir o sustento de seu povo, conforme a mitologia da época. J. Campbel acreditava que esses primeiros reis eram de fato místicos. Com certeza eram bons políticos, devotados às suas causas.
A fase seguinte ( a que chamamos de “período alto” da era do pertencimento) caracterizou-se por um excesso maior de produção de alimentos e benfeitorias, que era devotado ao rei e sua corte. Pela primeira vez na história a produção de muitos era apropriada por poucos. E então a exploração da maioria por uma elite minoritária tem início na história humana. Pág. 176.
Foi a pior fase, a fase mais sangrenta. Os reis passaram a achar substitutos para ir ao sacrifício em seu lugar. Primeiro os sacerdotes. Com seu tempo de vida estendido, os desejos e extravagâncias mais selvagens do Projeto Atman se tornaram possíveis para esses governantes.
E então, os suprimentos, antes dados à corte, representados pelo dinheiro, passaram a ser negociados no mercado. O Banco, então, substituiu o templo, como promessa de imortalidade, ou antes, de "alongamento e esticamento do tempo revertido em poder e benefícios". O Sacrificio é substituído pelo acúmulo do capital e pelas taxas. E o banqueiro finalmente é o sacerdote substituto.
Pergunta o autor: "Porque tanta gente se submeteu por tanto tempo a essa situação?" O autor sustenta que o Rei tinha uma função psicológica importante. Para ele, o homem queria um rei visível sempre presente para receber suas oferendas, e para isso ele estava disposto a pagar o preço de sua própria sujeição. Ele usa o exemplo da frase comum durante a recessão americana. A inércia ou  inatividade frente a essa situação da maioria “boa” sustentou a ação diabólica dos tiranos ao longo de todo esse tempo.
 
Parte quatro: O Ego Solar.

Capítulo dez: Alguma coisa ainda não vista...

Ken Wilber delineia as condições prévias para a emergência do nível da mente-ego.
Divide este estágio em três partes:
Baixa: 2.500 – 500BC.
Média: 500B-1.500AC
Alta: 1.500AC – Hoje.
O período Baixo é uma área de transição, quando o ego pela primeira vez emerge heroicamente acima do "nível de pertencimento/mítico". Esse ato heroico é retratado nos mitos de heróis da época. Antes, os mitos da época da grande mãe retratavam os candidatos a herói sendo derrotados e mortos pela grande mãe. Pela primeira vez o herói brilhante e suntuoso (Grande Ego também!) vence a grande mãe, seja ela própria (Medusa), seja sua representação ou enviado (Uroboros, Tifon, etc.).
Sobre a escolha da palavra “mental” para nomear e descrever esse estágio: A palavra tem raízes e muitas relações : Pesquisando o significado de “Ma” em sânscrito (Man, me Men...). A primeira linha da Ilíada começa com uma frase referindo-se a “Menis”.
O Mito do herói simboliza o surgimento do ego. O mostro das profundezas é a grande mãe/ mãe terra. E o grande tesouro que o monstro das profundezas protege é a própria ascendência a um novo estágio de consciência: O próprio Ego , ou estrutura do ego.
Exemplos da mitologia: Na Grécia,  Zeus derrota o Tífon e vai para o Monte Olimpo com seus protegidos, longe do alcance do reino dos Titãs ligados à Grande “Gaia” (mãe de Zeus).
Outro exemplo: Indra (Serpente do Rei Védico) vende a serpente cósmica (Mae) Mitra.
Características do ego emergente:
Livre arbitro e vontade própria figuram no centro da consciência: Trazem uma nova visão de mundo, uma nova psicologia/filosofia/sociologia.
Segue uma discussão sobre como o Ocidente reprimiu e dissociou a figura da grande mãe. Com a rejeição da figura feminina, o Ocidente rejeitou junto a Grande Deusa. O ego, decorrente desse fato, se tornou arrogante e completamente separado de seu corpo. Dissociado na natureza e da transcendência. Do corpo e da alma.
No Oriente, segundo o autor, o processo foi um pouco diferente. Técnicas de transcendência do ego foram desenvolvidas, mas o Ego permaneceu até hoje no nível do pertencimento, em alguns locais ainda bastante primitivo, ligado às clãs familiares e grupos comunitários. A repressão à grande mãe não foi tão violenta. Por isso as técnicas de integração se desenvolveram. Essas técnicas serviram como um contrapeso à tirania exclusiva do Ego. A figura de “Kali” (Mulher de Shiva). É um exemplo de assimilação da figura da grande mãe numa imagem mais alta e adequada ao nível do ego. Ela não perde o contato com a Grande Deusa.
Resumindo: No ocidente, houve uma rejeição-dissociação da grande mãe, e por consequência tanto do pré-pessoal quanto do transpessoal. No oriente não houve essa dissociação, mas a etapa do meio (o ego) ficou mais curta, menos desenvolvida.
Nas sociedades judaico-cristas-islamicas não sobrou nenhum traço da grande mãe, e isso foi uma tragédia para essas civilizações.

Capitulo onze: O assassinato do Tífon.
 
Dissociação entre corpo e mente. L.L.Whyte: “The next development in man”. Na obra, Whyte descreve o processo descrito como a "Dissociação Europeia": Uma forma particular de dissociação entre processos dos dois centros cerebrais no indivíduo. De como o homem da era do pertencimento tinha uma mente especializada em duas direções: Uma voltada para o meio ambiente e para os processos na natureza, para o presente; E outra para a razão, para o passado, para o raciocínio, para a memória. Esses dois centros estavam constantemente em guerra. A predominância dos dois tipos mudava frequentemente naquele homem. Esse contraste produziu, segundo o autor, uma lesão orgânica.
Como Newman e Whyte, Wilber vê a separação entre corpo e mente como produto da evolução (Como uma coisa temporária e até positiva).
Conflito entre as funções cerebrais.
8000BC e 1000 BC. Nesse período, esse tipo de tradução da realidade já não é mais suficiente, então o nível antigo já não traduz mais a realidade, e há uma transformação para cima. O pertencimento está imerso no objeto, no ambiente (Concreto-operacional), e não ainda no sujeito (Formal-operacional).
Características do ego.
Ampliação do Passado: Tudo é baseado na memória. O ego é um tipo de memória. A memória já é uma transcendência quando comparada às flutuações do momento (Estágio anterior -  Concreto – operacional).
Os dois problemas básicos do ego são que, por um lado, uma vez formado ele se torna tão estável e forte que fica muito difícil de ser transcendido. Por outro, ele tende a fazer dissociações. Tende a se separar da natureza e do corpo.
O processo de pensamento (ego) é todo baseado no passado, que é estático (morto). As palavras são memórias estáticas. São conceitos fechados. Não são como a natureza, sempre em fluxo, em processo.
As palavras e conceitos são também permanentes. A palavra “árvore” permanece enquanto a árvore real envelhece e morre.
Esse “truque” da mente serviu de refúgio para o homem mental se proteger da (percepção da) mortalidade e de sua finitude. Este efeito do ego sustentou o Eros do Projeto Atman (Promessa de permanência/imortalidade) desse nível.

Capitulo doze: Novo tempo, novo corpo.

A invenção da história

Wilber conta que o processo de mudança de nível (do pertencimento/membership para o ego) foi como uma explosão. Parte dessa explosão significou um novo modo de tempo (histórico) e um novo modo de corpo (mecanizado).
Quanto ao tempo, houve a descoberta da história linear (Começo, meio e fim). A história como a conhecemos hoje, teve início por volta de 1.300BC. Antes disso, o tempo era cíclico. Sazonal. Tinha a duração dos ciclos da natureza e não levava a lugar nenhum. Recomeçava no ponto em que (re) terminava. Resquícios desse tipo de tempo sazonal permanece até hoje quando comemoramos o ano novo, e achamos que podemos magicamente “zerar” nosso Karma, e recomeçar do zero.
A estrutura da mitologia da época (motivos mitológicos) contém comumente a criação-a queda- restauração ainda em progresso (Observe a característica do tempo linear).
A história linear, como crônica de eventos de uma sociedade, ainda não existia. Os seus primeiros exemplos em templos datam de 1300 BC. Antes disso, as inscrições dos templos continham apenas o nome do Rei, as circunstâncias em que o templo foi erguido e a função do prédio. A partir dessa data, as inscrições eram arranjadas sistematicamente/anualmente, as campanhas militares, notas históricas de algumas regiões, mudanças políticas.
O novo mundo histórico combinou muito bem com o apetite enorme dos egos enormes da época. Um ego que dura mais no tempo tem mais planos ambiciosos. Ele precisa, para acumular poder, de um tempo linear. Um tempo que é sazonal, que “zera”, não convém a um ego “acumulador”.
E a história inicial então se torna a história e crônicas das conquistas e aventuras desse ego heróico. O que o ego não sabe, entretanto, é que a história completa (a historia da evolução – da qual o ego é só uma parte) inclui o abandono desse ego em algum momento no futuro.
A história evoluiu a partir da natureza, mas dissociou-a dela. E então ela é a historia do ataque à natureza. E o que o ego não compreendeu desde o inicio é que o ataque à natureza é o ataque ao seu próprio corpo.
Um novo corpo.
Retomando L.L. Whyte e a sua Dissociação Européia. A dissociação entre corpo e mente. De um lado a vida instintiva que perdeu seu ritmo prórpio, e que é substituída por desejo obsessivo. De outro lado uma racionalidade controladora, que perturba o ritmo de tensão e repouso do processo vital.
L.L.Whyte pontua que dividindo o sistema de uma determinada maneira, a mesma forma de distorção aparece nos dois componentes dissociados: Uma dupla obsessão. No novo projeto Atman, elemento Eros passa a ser por um lado busca de união com uma mulher (Desejo sexual) e por outro o apego aos projetos de imortalidade do ego mental (que nunca podem ser totalmente satisfeitos).
A intensidade da satisfação é perdida. O ego diminui a carga. Ênfase compulsivo-obsessiva na sexualidade de um lado e a busca por poder do ego por outro. São essas as características do self dissociado. Ele parte da mesma divisão. No prazer genital se torna o único momento em que o ego permite se soltar na onda de prazer (e muitas vezes nem isso é possível, visto as novas doenças como frigidez e impotência).
Mitologia e Psicologia.
A mitologia do sexo e do assassinato, que inicia no período anterior agora é retida e intensificada impulsionada por essa dupla repressão. Sadismo e Masoquismo. Idealismo deliberado (Poder). Eros regressivo, portanto.
Norman O. Brown e a reformulação da psicanálise. Segue uma reconstrução teórica de Wilber.
As causas da criação do ego na criança. Conforme a criança se desenvolve, ela percebe com mais e mais clareza a realidade da morte/Thanatos/Sunyata.
Com essa percepção, a criança seqüestra sua vitalidade, que se refugia dentro da psique e do corpo. É uma maneira de se refugiar no “ego-mente – permanente”, já que o “corpo-carne-impermanente” não é confiável. Sequestra sua própria energia com objetivo de negar a sua mortalidade e se identificar com o ego mental (Promessa de imortalidade – Projeto atman/Eros).
O tifon infantil é um ego-corpo. Eo ego precisa lutar para se diferenciar do tifon. É uma diferenciação complicada e tem um caráter, segundo Brown , "intenso e existencial".
O processo é acompanhado de formas primitivas de ameaça e terror da morte. O tífon se percebe em pleno vôo em direção à morte. Então ele cria, para Brown, o projeto “causa sue”, que é a tentativa de ser pai de si mesmo, causa de si mesmo e Deus de si mesmo (Projeto Atman).
A criança aterrorizada por essa visão de sua própria vulnerabilidade e finitude, de seu destino, dá passos para distanciar-se e refugiar-se. Nesse ponto, se não há repressão, deveríamos criá-la.
Como o self separado se separa da escuridão urobotica, ele precisa reprimir a morte e o terror e todos os aspectos da vida que trazem ameaça. O tifon precisa ser muito cuidadoso e cauteloso. Para isso a criança desvitaliza a vida. Para criar uma sensação de segurança básica mínima.
A sociedade então oferece uma série de recursos culturais para sustentar essa divisão entre o tifon e a mente. Sri Aurobindo e Da free John chamam essa saparação de “Choque Vital”.
Segue citando nomes para essa vitalidade básica: Bergman (Elan Vital), Hinduismo (Prana), Lowen (Bioenergia), Freud (Libido).
Concentração energética da libido se dá agora na região dos genitais. O único abandono do ego passa a ser na relação sexual (Único lugar para o ego sentir a vitalidade da vida em toda sua plenitude).
Wilber discorda do Norman O. Brown na manutenção do prana. Para ele, o Prana pode ir além do estágio genital e desvelar êxtases de corpo inteiro mais elevados que o genital.
Como o eu está "voando em direção à morte", ele mata seu próprio corpo e ignora sua mortalidade.  Ocorre a auto-divisão narcisística. A mente  é dissociada do corpo. O legado disso é uma deformação tanto na mente quanto no corpo humano. Deformação que se iniciou há 4000 anos quando o ego primeiro apareceu. Houve uma revolução no corpo no inicio da era moderna. Essa frase jamais seria dita antes.
A distorção do corpo o torna mecânico. Um ego racional e um corpo mecânico. É um retrato fiel do homem da era moderna (da nossa era).
 
Capítulo treze: Solarização.

Duas questões.

Porque a transição da fase do corpo para a  fase da mente é conhecida como a transição do matriarcado para o patriarcado?
Será que esta transição foi um ato sexista, como sustentam as feministas?
Se assim o fosse , o movimento anterior (domínio do matriarcado), também seria sexista.
Algumas dicas ontogenéticas.
A Psicanálise fez a melhor exploração da fase edipiana. A criança ainda na fase do tifon acabou de emergir da uroboros. Ainda primitiva, já tem um "eguinho diferenciado" do grande outro (que é fonte de medo/ansiedade). Eros, nessa etapa é representado pelo desejo regrssivo de voltar à união perdida com a Grande mãe/meio ambiente. Ao prazer narcisista primário/fusão/estado urobótico. Por outro lado, conforme o eu se torna forte, mais ele resiste a essa forma regressiva de unidade/Atman muito primitiva e oral. Mas o conflito ainda é bastante intenso nesse período.
Nesse  inicio, a criança é bissexual. Existe uma libido pré-edipiana. Assim como na mitologia a grande mãe também é uma figura hermafrodita. A mãe é a principal parceira desse processo de separação da criança.
Nesse ponto, Wilber faz uma distinção entre a “Grande Mãe” urobotica e a  “mãe circunstancial” (Nivel do ego – verbal).
A relação diádica original  com a grande mãe passa a ser triádica, e entra em cena a figura do pai. E também entra em cena a questão edipiana (Dos 4 aos 7 anos). Dos primeiro momentos da fase de pertencimento até os primeiros momentos da fase do ego, mais ou menos aos sete anos.
A figura de autoridade do pai aparece. A grande mãe por sua vez é fálica.
Conforme o Tifon se percebe como uma entidade separada com uma identidade sexual definida, seu Projeto Atman, ou necessidade de união também muda de nível. Antes, na fase do Tifon, a união se dá entre o corpo e o ambiente (uroboros, nível dois com nível um) e assim é desejada. O corpo é uma unidade, é pré-genital, ainda não existe separação de gênero.  Mas ele agora quer se tornar completo através da união sexual com o pai do sexo oposto (Nivel dois com nível dois) . É um Projeto Atman mais elevado. Ele agora é um ser-sexo separado.
Conforme amadurece, a criança percebe a impossibilidade disso se consumar. São agora três pessoas envolvidas nessa trama e apenas dois sexos existentes. Ou seja: Alguém vai ficar de fora da brincadeira.
A partir dos quatro anos a criança fantasia sua união com o sexo oposto e o desaparecimento do pai do mesmo sexo.
A cena primal (Ver os pais em intercurso) é um trauma porque numa tacada só ela desmonta toda a fantasia e o desejo da criança.
Essa decepção ou crueldade que a criança sofre permite por sua vez que ela construa uma identificação superior, com a mente, e não com seus impulsos corporais.
Como a criança tem esse ressentimento ou desejo de ver os pais separados e vê que isso é impossível, ela escolhe a segunda melhor opção, que é a identificação com o pai do mesmo sexo ( aquele que "possui" efetivamente a sua mãe). Ele mais ou menos se rende ao desejo de possuir a mãe e tenta ser como o pai (Uma Identificação que repõe desejo impulsivo por objeto - Segundo a Psicanálise).
A identificação com o pai é uma conquista mental. Ela só se identifica usando conceitos, regras, etc. Esse processo ajuda a criança a mudar seu nível de identificação e fortalece o ego para além dos desejos corporais. Idem para a cena feminina. Wilber chama o ego da menina de “feminilidade solar”.
Lembremos que também há uma identificação com o pai do mesmo sexo. Lembra que a criança é bissexual? Pois é. O menino também queria possuir o pai, e se identificou com a mãe. Então mentalmente a criança incorpora estruturas dos dois pais.
A mente é uma estrutura influenciada tanto pela mãe mental quanto pelo pai mental. Imagens mentais do pai e da mãe internalizadas ajudam na formação do superego. E um novo sentimento se torna possível (a culpa).
Conforme o ser humano evolui, a identificação com o sexo enfraquece. A mente evoluída é uma mente hermafrodita, que contém aspectos masculinos e femininos. A mente mais primitiva é muito mais identificada com o gênero.
Dicas da mitologia.
Justificativas com evidências arqueológicas porque a grande mãe está associada a terra, ao mundo inferior, ao animal enquanto o ego está associado ao céu.
Exemplos da Grécia pré-homérica, onde se sacrificavam porcos e seres humanos. Traz duas sugestões de livros romances escritos sobre essa época. Ver Pág. 236.
Origem da palavra Histeria: Sinônimo de Afrodisia. As festividades orgásticas que ocorriam nas celebrações da grande mãe.
Ver Pág. 238
O Patriarcado era algo natural naquela sociedade. A mentalidade heróica é idealmente solar masculina como também solar feminina. Mas na prática apenas o solar masculino vingou. Wilber argumenta que existem as razões naturais e não naturais para que isso tenha ocorrido.
Razões naturais
Os estereótipos de gênero (Homem agressivo, assertivo, não emocional), (Mulher emotiva, frágil, passiva, pacifista, não agressiva) prevalecem no início da fase egoica. Quando a criança se diferencia do corpo. Conforme a mente se desenvolve, ela se torna mais e mais andrógena. Não há sexualização numa mente altamente evoluída. Ela contém aspectos tantos estereotipada mente masculinos quanto femininos. Há uma transcendência das diferenças sexuais.
Quando a mente se diferenciou do corpo, o nível do corpo estava muito próximo e deixou sua marca muito forte na mulher. E como o corpo feminino tende ao emocionalismo e a receptividade, então a mente inicial feminina também tende a expressar esses aspectos.
A conhecida intuição feminina é uma intuição emocional, e não espiritual, como demonstrou Frances Vaughan. (“Awakening intuition”).
O principio masculino no corpo tem uma inclinação natural para a guerra e agressão. É então natural que sua mente tenha uma inclinação mais “ativa”, desenvolvendo mais habilidades mentais como a lógica, a matemática, a razão, etc.
Enquanto se sabe que a menina desenvolve mais rápido a habilidade para linguagem e comunicação, ela tem mais dificuldade no desenvolvimento posterior da mente.
O princípio feminino já estava anteriormente associado à grande mãe, à terra, a fertilidade. Aparentemente o principio feminino teve dificuldade de se desvencilhar dessas funções e relações iniciais. Então era natural que o movimento novo se vinculasse à energia masculina. Há uma grande semelhança na figura feminina desde as épocas antigas até a era moderna. Ela sempre esteve vinculada à reprodução, à terra, a fertillidade. Como se ela fosse uma guardiã da grande mãe urobótica e do reino do Tífon.
A figura do pai muda ao longo da história, conforme a sociedade evolui.  São os guardiãos das leis, do sistema jurídico, dos tabus, e tendem a manter os valores vigentes. As mulheres são as guardiãs da vida e da natureza.
Superego.
O mundo dos homens/pais é o  constituidor do superego e dos primeiros códigos de lei. O superego é uma conquista valiosa do ego, e é um fator que ajuda a mudança de identificação na criança do corpo para a mente (identificações mentais substituindo os desejos objetais - Conforme ensina a Psicanálise).
Meu comentário: Este é um tema muito importante na discussão atual sobre impulsividade, limites e educação.
O Superego também traz nova capacidade para dissociação interior: Pode reprimir , negar e dissociar os reinos inferiores.
Com a repressão do superego, a história não é mais a história da irracionalidade, mas das irrupções violentas de irracionalidade”.
 
Dissociação mente e corpo.
A visão de Freud: A sociedade é construída sobre a repressão do id. Não, para Wilber ela (a sociedade) é construída sobre o legitimo e sofrido e lento movimento de evolução e transformação da consciência. A sociedade é tarefa mais alta , e é tarefa do Neocórtex. Dizer que a vida mental é construída sobre a repressão da vida animal, é o mesmo que dizer que a vida animal é construída sobre a repressão da vida vegetal. ou seja, um absurdo.
A cultura, a mente e a sociedade para Freud e parte da Psicanalise, é um rearranjo de um nível mais baixo de consciência.
Razões não naturais.
Características naturais são aquelas de função, não de status. Mas através da exploração, estas passam a ser de status. Um exemplo é a oração diária dos judeus onde os homens agradecem por não terem nascido mulher.
Quando houve a dissociação entre e corpo (Impacto da mortalidade e preferência pelo pensamento extático), como o corpo estava ligado ao feminino, à rejeição do corpo significou também uma rejeição (externa, não só psicológica) à mulher, a natureza ao corpo (Todos ocorreram pela mesma razão - Era uma única entidade a ser suprimida).
Descrição do mito do Gênesis.
Adão apareceu no homem, veio como homem. Mas Eva veio de Adão. Estava contida em Adão. Portanto, Adão era um corpo hermafrodito, ou seja, Adão era a Grande Mãe Urobotica/Bissexual/Fálica.
No mito, a partir da queda, Adão se torna livre do masculino Urobotico (emergência do Ego Mental), mas Eva não se liberta.
No Paraíso, ele andava por ai, entre os animais e vegetais, não tinha metas, não pensava (Imersão pré-pessoal, não o paraíso dos românticos). Eva da mesma maneira levava vida instintual. Quando Adão toma consciência, ele se livra do sono subumano. Eva permanece catatônica. Apenas a mãe, o sexo, o alimento, o conforto (Todas estas funções corporais. Ela não pensa, não cultiva, não filosofa etc.).
Toda a feminilidade racional é excluída com o pacote completo do feminino, ligada como uma maldição à natureza. O céu Apolônio não é para a mulher, diz o mito.
No Genesis, Eva está ligada à serpente. “Você não deve comer da árvore do conhecimento” A 1ª frase de Adão é: “A mulher me deu essa fruta e eu comi”. A sedutora que fez com que ele agisse errado.
E Deus se vira para a mulher: “Vou multiplicar seu sofrimento, vou te dar crianças e você viverá sob a tutela de seu marido”. E fala para Adão: “Você terá que comer todos os dias de sua vida”.
Adão é punido por dar ouvidos à sua mulher (a mulher que se comunicou. Portanto, ela não deve pensar, se manifestar, etc.).
Quando o primeiro ego mental emergiu, aconteceu nas sociedades secretas masculinas, em festivais de homens, que submeteram as mulheres à força e violência.
Imortalidade patriarcal.
Wilber analiza como o patriarcado serviu ao projeto atman. Em Roma a organização social era focada na família patriarcal, com a proteção do estado e das leis. Era uma forma de perpetuação do ego do patriarca, que supostamente “continuava”, e juridicamente permanecia através do primogênito. Ele era a continuação da personalidade do patriarca. Daí a origem da lei romana da herança e a idéia do testamento.
A família era sua serva e escrava. Propriedade do patriarca. O pai grego cegava o filho se ele se recusasse a ir para a guerra. O primogênito herdava propriedades, dinheiro, ouro, poder, e seus próprios interesses, seus objetivos em vida.
Conforme mais egos emergiam, mais eles buscavam uma forma mais elevada de projeto Atman. O Ego então, observou o Rei e reproduziu essa situação dentro de sua casa. A Era do Ferro democratizou conquistas que na Era do Bronze pertenciam apenas aos Reis. Pessoas, castelo, bens, dinheiro, escrita, ouro passaram a ser o “reino” do patriarca.

Sol invictus

Wilber retoma sua tese aqui: A mudança para o patriarcado é uma mudança para uma ordem superior.
Na mitologia, o símbolo do céu é o sol. Fonte da luz. Os Deuses dessa era são ligados à Luz (da razão, da racionalidade. Iluminação no sentido europeu, não a visão oriental transcendência Búdica).
Luz mental. A claridade mental é simbolizada pelo sol brilhante. O sol se equivale ao símbolo do herói. O herói é sempre o emissário da luz.
Veja o Mito do dragão. O herói toda noite é engolido pelo dragão que voa do Oriente. Ele encontra seu duplo na barriga, mata o dragão e sai livre no Ocidente. Matricídio que vinga o próprio pai. Também apresenta a seqüência de perigo – batalha – vitória, que é a estrutura clássica do mito.
A órbita celestial dos reis não é mais a lua prateada, mas o sol dourado, abaixo do qual existe o submundo, as trevas.
Édipo.
Wilber faz sua reinterpretação da versão psicanalítica.  Defende que Freud exagerou quando colocou o Édipo como figura central no desenvolvimento humano. Wilber reconhece a importância da fase edipiana no contexto geral e global do desenvolvimento, entretanto.
Segue a descrição do mito: Édipo comete incesto com sua mãe e mata seu rival. Ao descobrir que o rival era na verdade seu pai, Édipo cega-se em culpa.
Superficialmente, Édipo parece ser uma vitima do acaso e da desgraça.
No nível profundo, inconsciente, Édipo ama sua mãe, e mata efetivamente seu pai. Ao descobrir seu crime, se mutila.
Tentativa de volta à grande mãe e uma revolta contra o pai solar, ao patriarcado, à nova ordem. Nesse sentido, Édipo não é um herói legítimo solar, mas um adorador da grande mãe, e como tal seu fim é trágico, mutilante, etc. Tira seus próprios olhos. Os olhos, ou a visão representam o conhecimento e a mente. Édipo, portanto, destrói sua própria razão e seu próprio ego, e escolhe retornar à mãe natureza. Busca um incesto emocional-sexual, uma imersão no seu domínio subumano. Sucumbe à antiga atração. Não faz a transformação final do instinto para o ego.
A história de Édipo se refere ao justo momento de transformação do corpo para mente.  Neste ponto ele é importante. A transformação da busca de unidade via corpo, via união emocional-sexual, para a busca de unidade via mente, intercurso comunicativo.  Apresenta portanto uma visão em miniatura da transformação do matriarcado para o patriarcado.
Ao falharmos nessa transformação reproduzimos o destino de Édipo: Uma culpa mórbida, busca de incesto, desejo sexual, autodesmembramento e morte masoquista.
Quando Freud se refere a um problema edipiano, ele quer dizer que há aspectos escondidos na psique que ainda estão ligados ou vinculados ao antigo Projeto Atman, de união incestuosa com a (grande) mãe. Sofremos através dessa fixação, e a reprimimos em forma de sintomas.
Já vimos que a falha de integração dos níveis mais baixos resulta em neurose. Essa fixação em especial é a principal fonte de neuroses, para Freud.
Édipo não tem muita relação com os níveis mais altos. É útil em especial na integração do nível dois. (Passagem do dois para o três).
Quem dá Jocasta para Édipo é uma esfinge (Tifon). Meio humana meio animal. Ela ajuda na união dos dois, o que sela seu destino.
Ter problemas edipianos significa que você inconscientemente procura união (Eros/Projeto Atman) via corpo, via sexo, etc. Também significa que você está se rebelando contra a demanda dos níveis mentais mais altos.
 

Capítulo quatorze: Eu e o pai somos um.

Este capítulo vai analisar o nível mais alto a que o ser humano conseguiu chegar ao período mental – egóico. O capitulo anterior analisou o nível médio da época.
Sábios como Buda, Krishna, Cristo, Lao Tzu. Dharmakaya. O Reino do não manifesto.
O autor inicia o capítulo traçando as diferenças entre os dois níveis superiores, sempre fonte de confusão: O sutil (Shambogakaya) e o causal (Dharmakaya).
Sutil: Nível seis. Aqui o Deus único e transcendente se torna evidente para alma. E essa alma então comuna em consciência sacrificial com esse arquétipo da unidade. Uma Oração típica: “Eu sou uma alma divina e escondida que criou os Deuses”.
Causal:Nível sete. Aqui a alma vai além. Não só comuna com essa unidade, mas ela se torna essa unidade. É o que os místicos chamam de “”Suprema identidade”. Todo dualismo sujeito – objeto é finalmente transcendido. Tornam- se radicalmente idênticos. Numa oração típica: “Eu e o Pai somos um”.

Mosaico e Revelação Crística.

A aparição do monoteísmo ocorreu na era de Moisés e do monte Sinai. O profeta trouxe com ele Shambogakaya, as vozes do nível sutil, as revelações de Deus, etc. (Mantras). Há pela primeira vez a percepção clara de um  único Deus que transcende o mundo material e dá a ele a forma. A voz de Deus foi acompanhada por figuras angelicais, fogo e luz. Toda a descrição descrição está de acordo com as descrições do nível sutil de um modo geral, encontradas em todas as tradições. Foi o momento histórico em que se deu e se criou a essência do monoteísmo.
Nesse primeiro momento era ainda “contaminada” pelas religiões politeístas, com muitos deuses. O Deus de Moisés era o Deus único entre outros deuses. Não o Deus único sem um segundo Deus. Havia ainda uma percepção distorcida do nível sutil, influenciada pelo passado.
O primeiro Deus monoteísta claro, histórico surgiu no Egito e se chamava “Aton”. Foi revelado pelo faraó da 18ª dinastia Iknaton nos Séculos 14BC. Por volta de 1354BC. Segundo Freud, Moisés trouxe do Egito o conceito do Deus monoteísta, que provavelmente "emprestou" de Iknaton (Moisés era um nome Egípcio. Freud acreditava que ele fosse membro da corte de Iknaton). O nome do Deus vulcânico local Yewovah, substituiu o nome “Aton”. E estava fundado o Deus monoteísta moderno. Este Deus poderia a partir daí ser contactado através de revelações e de êxtase profético. Sempre através de muito esforço e dedicação do praticante. Embora o nível sutil de muitas formas seja mais evoluído que o nível transpessoal anterior (O psíquico), ainda não transcendeu totalmente a dualidade sujeito - objeto. Ainda permanece um “outro”. Não podemos nos tornar “ele”. Isso era proibido. Era considerado uma ousadia, um sacrilégio.
Moisés quando trouxe essa idéia teve que lidar com o ambiente politeísta, a antiga religião Pagã, de rituais e transes hipnóticos imersivos. Foi bastante difícil para ele essa confrontação, o que levou Moisés a ser  provavelmente assassinado.

Revelação de Cristo

Tanto a revelação de Cristo quando os Upanishads da índia são a mesma: Eu e o pai somos um. Cristo foi crucificado porque ousou afirmar que ele era o próprio “Deus”, num ambiente cultural - religioso ainda dominado por Shambogakaya.
Descobertas dos textos gnósticos revelam a essência dos ensinamentos de Cristo. Tratava - se de Pura Gnose (=Jnana). Insight interno ou conhecimento que revela Dharmakaya. É também o que deu a Buda sua iluminação.
A essência dos textos, segundo Elaine Pagels, Cristo trouxe três mensagens essenciais.
1 – O Autoconhecimento é o conhecimento de Deus. O eu mais alto e o divino são idênticos.
2 – O Assunto principal é a ilusão e a iluminação, e não o pecado ou o arrependimento.
3 – Jesus é apresentado não como um Senhor mas como um Guia Espiritual. E mostra aspectos da religião Dharmakaya (Nível Causal).
Aparentemente o círculo mais próximo de Jesus incluía João, Maria Madalena, Márcio e o grande Valentinus. Falavam sobre a privacidade ou abismo/profundidade incompreensível, além de toda imagem e realidade material.
Valentinus usou uma terminologia de Platão, e usou o termo Demiurgos para se referir ao “criador” (ou nível seis). Esse termo tem um significado diferente de Dharmakaya.
Para os primeiros gnósticos, a diferença entre esses dois tipos de Deuses era muito clara.
Ao analisarmos imagens do coração de Cristo, constatamos que se trata de um coração Causal (conforme descrito por Sri Ramana Mararshi).
As figuras dos Sábios (Nível sete) encontradas em artefatos da época costumam apresentar sete cobras atrás da cabeça. Não há halos. Os Yogues/Xamãs por sua vez trazem a serpente no terceiro olho.
O Cristianismo gnóstico é muito similar a todas as religiões Dharmakaya.
No último nível só existe o abismo, não há chão nem nenhum ponto de referência . É mais profundo do que todas as coisas. Não é um vácuo transcendente. Transcende tudo mas inclui toda a manifestação. Então, quando você encontra isso, você encontra todas as coisas. Todas as coisas vem disso, através disso. é o chão ou base ou princípio de tudo o que existe.
Todas as religiões do Ocidente são Shambogakaya. Todas as grandes religiões conhecidas negaram a religião Dharmakaya.  Para eles é muito difícil falar em ir além de Deus ou renunciar a Deus. As pessoas com inclinação política perceberam rapidamente que ir além de Deus significava dar um tiro no próprio pé. Pois para eles Deus fazia valer sua lei na terra através dos seus sacerdotes. Aceitá-la significaria o fim de seu poder.
No Ocidente paramos na separação entre o homem e Deus. Mais uma dualidade básica que configurou o clima religioso ocidental. Mais um ingrediente forte da Cultura Ocidental a se somar à Dissociação Europeia ( entre corpo e mente) já discutida aqui.
Os Orientais ficam sempre intrigados com os dualismos do Ocidente.

A evolução da experiência espiritual.

Segue uma descrição rápida dos quatro níveis transpessoais.
Wilber aponta diferenças entre os níveis Causal ( nível 7) e Não dual ( nível 8).
O nível sete é o limite do espectro da consciência. É o mais alto ponto a ser alcançado. O nível oito é o chão primordial e também o chão de cada nível (Suchness). É a condição de todos os níveis. É a transcendência de “Godhead” (Nível sete/Causal).
Historicamente, os níveis se manifestaram na cultura como a grande Mãe, o Pai todo poderoso, a cabeça de deus (Godhead). Até hoje Yogues prestam reverência à grande mãe.
A grande Deusa começa no Nirmanakaya e desaparece no Sambhogakaya. Deus o Pai começa no Shambogakaya e desaparece no Dharmanakaya. E Godhead começa no Dharmanakaya e desaparece no Svabavikakaya.
Essa visão também é sustentada pelos Meditadores de hoje em dia que encontram os mesmos níveis ali descritos. A obra de Wilber que encaminha  fontes de pesquisa de meditadores é o “Projeto Atman”. Esse livro trata de evidências históricas e avanços na sociedade, ou do desenvolvimento filogenético.
Ler as duas obras na sequencia nos causa uma forte impacto: Fortalece a noção de como essa visão dupla pode ser cheia de insights e prognósticos para o futuro da humanidade.
Imagens parentais.
Nesta passagem o autor relaciona a imagem de Deus no nível quatro (camada média da população) e o Deus no nível sete (Sábios que alcançaram o nível do “Eu e o Pai somos um”).
Assim como ele relacionou o nível mágico com o psíquico, relacionou a grande mãe com a grande Deusa, faz o mesmo no nível do Ego.
A imagem do Pai é o guardião da lei, da cultura, da comunicação. São os transmissores da “segurança mental” (Eros/Projeto Atman).
Então o homem comum em tempos de stress recorre a imagem do grande papai pessoal, protetor, realizador dos meus desejos.
A atmosfera da religião exotérica traz a imagem do Reis dos Reis, do Aiatolá fetichístico. Que promete a cura e a prosperidade (mas claro que ele não pode dar, efetivamente).
A maioria da população demonstra uma nova forma de projeto Atmam. Uma tentativa de expurgar a culpa, assegurar benefícios, se afastar da morte, na pseudo-segurança do ego.
Exemplos de hoje em dia: A evangelização,  a fúria proselitista dos pastores.
O Deus das massas é uma projeção da figura parental do superego.
Segue discussão sobre a visão reducionista e cientificista, que não reconhece no mainstream a existência desses níveis.
Esse esquema de coisas tende a reforçar muitos tipos de opressão econômica e cultural. Os “Pais culturais” clamam para si o poder transcendente do “Pai real”, e se aproveitam da necessidade psicológica das massas para manipulá-la e explorá-la.
Wilber, citando Reich e Marcuse – A autoridade veio à criança do superego paternal. Esse superego era direcionado automaticamente em governos autoritários, facilitando o domínio das massas.
Reich – A ideologia está ancorada na estrutura de caráter.
E Wilber conclui a passagem: "Precisamos de um novo tipo de mito do herói. Um que não dissocia mente e corpo, mas une mente e corpo (Centauro). Podendo ser inclusive uma mulher. Um cujo dragão passa a ser o ego e não o corpo. E cujo tesouro escondido são os níveis superiores.

Capitulo Quinze – Sobre tornar-se uma pessoa.

Trocando distorções.
Wilber inicia uma discussão sobre holarquia. Como hólons holarquicamente interligados podem influenciar uns aos outros. Os níveis de cima podem reprimir/dissociar ou integrar os níveis de baixo, mas não vice - versa. Entretanto, os níveis inferiores, quando não bem integrados podem influenciar nos níveis superiores. Suas distorções podem ser  transferidas aos níveis acima "dobrando" esses níveis na mesma direção patológica original. Os níveis imediatamente acima daqueles com problemas são especialmente vulneráveis a essas distorções. Bem, os níveis de cima, mais desenvolvidos podem da mesma forma reprimir ou distorcer os níveis de baixo, mesmo um nível que antes não apresentava problemas, através da repressão. Egos externos, como pais e autoridades também podem distorcer ou reprimir essas manifestações através da opressão. De fato, quando a criança ainda não apresenta seu ego estruturado, os pais e autoridades já o tem, e efetivamente transferem para aquela criança as distorções de seus egos, reproduzindo e eternizando as suas distorções. Ou seja, quando finalmente aquele ego emerge, ele já emerge sobre estruturas fraturadas. Já vem quebrado de fábrica. A capacidade de repressão de níveis primitivos é mais forte quando emerge o ego, pois como já argumentamos antes, trata-se de tentar enganar a morte, de refugiar-se na pseudo- segurança dessa entidade mental chamada ego.
Estamos tratando então de um dupla repressão. Uma repressão interna do ego, que quer fugir da morte, somada aos tabús e proibições provenientes da opressão parental-social. Portanto, um membro qualquer de uma sociedade opressora encontrará, finalmente, esta sociedade "dentro" dela, em seus valores e atitudes, e ajudará a perpetuar essa realidade. Essa é a base ontológica da Dissociação Européia.

Algumas reconstruções.

A partir de seis postulados, alguns descritos acima, Wilber segue construindo sua filosofia e parte para reconstruir sua visão dos trabalhos de Karl Marx e de Sigmund Freud.
Marx posiciona a produção econômica como causa matriz de todos os outros níveis. Isso, para Wilber, é dizer que o nível 1 (material) é a causa de todos os níveis acima, e não a estrutura através da qual os outros níveis emergem. Wilber postula quatro críticas a Marx (aqui ainda na fase Wilber 3 , ou numa abordagem de níveis e não ainda de quadrantes - Marx representa um teórico de nível 1 material). A primeira crítica é tentar reduzir a Grande Cadeia do Ser apenas ao nível um (Tudo provem daí..). A segunda crítica é essa: Ver o nível material como causador, e não estrutura que permite a emergência criativa das outras. Três: Marx falha em reconhecer que um nível superior pode superar dificuldades geradas no nível um. Como exemplo, Wilber oferece pessoas que nasceram e enfrentaram dificuldades materiais e que mesmo assim conseguiram alcançar altos vôos de consciência. 
Quatro: Marx falha em reconhecer o contrato secreto ente opressor e oprimido, como foi demonstrado no capítulo que descreve como o Ego cria estruturas para prender-se a si mesmo.
De maneira similar, Freud elegeu o nível dois (Emocional Libidinal - id) como paradigma para todos os  níveis acima dele. Para Freud, a sociedade é fruto da repressão do id. O id portanto, é visto como causador da Cultura e da Sociedade.
Voltando a proposta inicial desse capítulo, o nível exatamente acima pode ser influenciado pelos níveis anteriores precedentes que apresentem patologia. Um ego que é fruto de uma sociedade opressora e alienante tenderá a reproduzir a distorções na maneira como lida com a sexualidade e com pedaços libidinais não integrados da fase edipiana. Distorções sexuais por sua vez levam a distorções na comunicação (ego do pertencimento - nível três) e criam uma falsa auto - estima e um ego fraudulento (nível do ego - quatro).
Wilber segue a discussão introduzindo Habermas em sua leitura de Hegel, que, para ele, é o melhor tradutor pós moderno do nível do ego. Segue mencionando quatro pontos que para ele são fundamentais na sua obra.
1 - A identidade auto - consciente não é dada à priori, mas construida através de uma história de desenvolvimento.
2 - A auto - estima do ego é um sistema de troca mútua,e não um seguro de sentimentos narcisisticos, como acreditava Freud. Auto - estima é colocada como oposta a auto -assertividade.
3 - Reconhecimento mútuo e troca comunicativa não pode ser reduzida a níveis inferiores, como fizeram Marx, Freud, cientistas e empiricistas.
Aqui Habermas traça uma distinção entre Técnica e Hermeneutica, e Wilber revela o grande inspirador da sua fase Wilber 4 e da idéia dos quadrantes. Habermas fala específicamente em diferentes metodologias.
4 - Níveis mais baixos formam o substrato para os níveis mais altos e interagem com estes. Segue um exemplo que relaciona mediando o trabalho físico e a auto estima pessoal. Wilber termina a sessão comentando os insigths alcançados até este ponto. A idéia de ego foi historicamente introduzida com o conceito de "pessoa legal", que pela primeira vez se viu capaz de ser possuidora de bens e de responder legalmente por seus atos. Essa conquista remete à Grécia, quando ainda esse direito se resumia aos pais e patriarcas. Esses homens tiveram o privilégio de serem os mini Reis de suas propriedades e de seus bens. E eram apreciados mutuamente, por outros cidadãos legais com os mesmos direitos. Os primeiros egos legalmente protegidos pela lei. Propriedade de si mesmos. Naquela mesma sociedade ainda existiam as mulheres e os escravos, que eram considerados seres inferiores, embebidos no mundo inferior, pré - pessoal, e não eram considerados pessoas legais, sem direito a nada. Voto, propriedades, nada.

Capítulo 16 - O amanhecer da miséria.

O autor inicia a discussão sobre o nível do ego de um ponto de vista histórico. Lembra a todos nós que a estrutura do ego em si é benigna. Que representa um avanço sobre os níveis pré - pessoais. O problema é a identificação do Self exclusivamente com ele. Esse é o fator causador de problemas e a grande armadilha deste nível. Cita textos poéticos datados de 1500 antes da era cristã, onde pela primeira vez na história o poeta enxerga com clareza a sua situação angustiante frente à armadilha que a identificação exclusiva com esse nível representa. Não é possível mais para o Self sensível se refugiar na mágica ou no mito para se livrar da angústia da separação, sua angúsita existencial básica. Joseph Campbell chamou este momento de " a grande reversão". Wilber o nomeia como o momento em que o caminho "para fora" se converte no caminho "para dentro", para a introspecção.
Wilber enumera quatro fatores que contribuem para esse sentimento de "queda" que caracteriza nossa época.
1 - Uma culpa natural e um senso de terror inerentes à estrutura do Ego, na medida em que se conscientiza de sua separação da natureza. A situação paradisíaca pré pessoal foi abandonada e o verdadeiro paraíso transpessoal ainda não foi alcançado. Ele (nós) está no meio do caminho.
2 - A culpa dupla das desordens neuróticas (Já estudadas no capítulo anterior).
3 - O sentimento real de alienação em relação ao espírito. (E não da natureza, que é o fator um nesta lista).
4 - A suposição de que ele é perfeitamente autônomo e auto - suficiente e independente. Toda uma civilização ocidental foi construída sobre essa falsa crença, e existe até hoje. Essa independencia é ótima no início da vida adulta , e dá a sensação de que o ego pode realmente fazer qualquer coisa, é capaz de tudo. Entretanto, essa mesma independência se torna, numa idade mais avançada, ceticismo, cinismo, dúvida e desespero.
Wilber finaliza a discussão citando a mito do Rei Etana da cidade de Kish. O Rei  monta numa águia e tenta ascender aos céus, para encontrar seu descanso final. Há certa altura, já muito alto, o Rei grita para a Águia: Não, não vá tão alto!
Nesse ponto, os dois começam a cair, por horas e horas eles caem, até se estatelarem no chão. Essa é a história da queda do homem, preso ao ego que não é capaz de transcender-se.
  
Parte cinco - O contexto.

Capítulo 17 - O pecado original.

Wilber argumenta que a chamada Queda do paraíso, conforme contado pelo mito ocidental do início da criação não tratava de uma queda dos reinos transpessoais, mas de uma ascensão vinda dos reinos pré - pessoais inferiores, e que dessa forma deveríamos agradecer a Eva, e não culpá-la! Continua elaborando a base para seu conceito de Falácia pré - trans. Diz que qualquer definição de céu inclui a idéia de que todas as almas estão salvas e unidas ao criador, e que não há qualquer evidencia histórica que isso já ocorreu na terra algum dia. Obviamente ele é suportado pelos evolucionistas.
A única maneira para o autor de significar a "Queda" é através das religiões esotéricas. Wilber segue aqui fazendo uma série de considerações metafísicas (que iria posteriormente mudar de caminho na fase Wilber 5 e abandonar completamente qualquer abordagem metafísica, e qualquer outra visão que inclua estruturas pré - existentes). Wilber descreve a involução, dos níveis mais altos (7 e 8) em direção aos mais baixos, cada nível esquecendo - se de seu predecessor. Segue que findado o processo de involução, a evolução pode tomar seu lugar. Wilber faz uma breve descrição de toda evolução, e arremata dizendo que a seleção natural sozinha, proposta por Charles Darwin não pode dar conta do que acontece com o processo evolutivo, visto de seu ponto de vista. Segundo o autor, Darwin tem sucesso em explicar o que acontece, mas falha miseravelmente ao tentar explicar o como e o porquê da evolução. 321/322.
Avança a discussão tentando encaminhar respostas ao como e ao porque da evolução humana. Faz um apanhado sintético do período urobótico ao nível do ego. Neste momento histórico, segundo Wilber, estamos lentamente aprendendo a nos diferenciar da mente como exclusivo paradigma do eu. Alguns poucos indivíduos alcançam a percepção de que a mente não é o eu, per se. Ela, na verdade, limita este eu de alcançar estágios mais amplos e avançados de consciência. Toda a cultura ocidental está baseada neste "erro".
Segue perguntando a razão pela qual a translação dá lugar à transformação num determinado estágio evolutivo (Conceitos trabalhados no livro "Um Deus social"). A dica de Wilber é a seguinte: "Enquanto Eros se sobrepor à Thanatos, o ego irá se recusar a "morrer" para aquele nível. Na verdade, ele vai acreditar que aquela "recompensa" oferecido pelo nível é a reconpensa final. Trata-se sim de uma escolha do eu, e não de destino, punição ou o que quer quer seja. Por isso o Eu se recusa a abandonar aquele nível e seguir a evolução. Ele não está ali proibido por Deus. Enquanto o ego for "recompensado", ele se prenderá ao paradigma (ilusório) em que se encontra, defendendo-se contra a sua "morte". O eu confunde "Atman" com aquela recompensa (Projeto Atman).
No processo da involução, os níveis são criados como uma gratificação substituta para os níveis mais elevados. Quando Thanatos se sobrepoe a Eros, o eu abandona sua identificação com aquele nível e uma transformação pode acontecer. Pág. 325.

O pecado original e a "Queda" da teologia

Baseando - se nos conceitos de evolução e involução, o autor procura endossar sua premissa através da filosofia perene. Cita Schelling pelo lado Ocidental e Ananda Coomaraswamy pela escola do Oriente. Segue explicando o conceito de pecado original: "Não se trata de algo que o ego separado faz. O pecado original o próprio ego separado, ponto. Em qualquer nível, tanto na evolução quanto na involução." Portanto, não se trata, por essa visão, de que o ego tem o livre arbítrio de agir dessa ou daquela forma. A própria estrutura do ego separado da fonte, da unidade, é o pecado original. Ele é, portanto, destituído de moral.  Portanto, mesmo no Eden histórico, o pecado original não estava ausente. Ele esteve sempre lá. Portanto, para um homem se iluminar, não é necessário que o universo desapareça. O universo não é uma doença (Embora desse ponto de vista, o reino material que forma o universo seja uma manifestação o pecado original).   
Chamamos esse período de "Queda" porque marca o tempo histórico específico em que o homem se dá conta de sua condição. Ele já estava no inferno, só que não sabia disso. Para se alcançar a iluminação, portanto, não é necessário que se destrua os níveis mais baixos. Apenas que se transcenda (de preferencia incluídos). A Queda teológica, nesse sentido esotérico, não é a multiplicidade, mas a multiplicidade desconectada da unidade. Não é o tempo, mas o tempo desconectado da eternidade. Não é o espaço, mas o espaço desconectado do infinito. Isto é o pecado original, o pecado sem a sua aparente redenção. A queda teológica, portanto, realmente aconteceu e está acontecendo agora, no modo como a estamos eternizando.  
A relação entre as duas "Quedas".
Wilber retoma os conceitos apresentados nos últimos capítulos. A queda "Científica" e a Queda "Teológica". Refere-se à Queda Teológica, como acabamos de ver, todo o processo de evolução do Big Bang até aqui. Refere-se à queda científica o fato dos homens tornarem-se pela primeira vez na história auto - conscientes.  Cerca de dois milênios antes de Cristo, os primeiros homens tornaram-se totalmente conscientes de sua condição, para o bem e para o mal. Essa é a Queda Científica, segundo ele. Como esses dois processos aconteceram mais ou menos ao mesmo tempo (consciência da morte, do eu e consciência da separação em relação a Deus e ao universo), o homem "confundiu" esses dois mecanismos ou processos. Tentarei explicar: No momento em que o homem emergiu para a consciência (Queda Cientifica) ele percebeu também seu estado de separação da fonte (Queda Teológica) e confundiu esses dois movimentos. Achou que no passado recente havia um "paraíso" do qual "caímos" neste estado de separação. Segundo Wilber, a evidencia dessa diferença foi amplamente comprovada pela ciência (ou : Os humanos primitivos não eram iluminados; Eram, antes, ignorantes inocentes e iludidos de sua condição mortal e separada). Evidencia essa contradição descrevendo a situação embaraçosa da Teologia Ocidental para rebater as evidencias cientificas de que o homem veio do macaco e do reino animal. Como sustenta uma posição insustentável, a teologia diz tratar -se de uma questão de fé. Boa desculpa para fugir da discussão. Wilber encerra apontando os acertos da Teologia (do ponto de vista da involução: Tudo veio de Deus) e da Ciência (Evolução: Tudo está evoluindo e conectado). "A união entre Ciência e Religião é a união entre evolução e involução". Pág. 330.
Comparações.
Wilber explora a filosofia de alguns Genios da história, para checar e endossar o seu ponto de vista. Menciona e analisa aspactos de Sri Aurobindo, do Padre Teilhard de Chardin, mas principalmente de Hegel. 332 - 334 e de Nicolas Berdyaev. 334 - 337.

Capítulo 18 - In Prospectus: O futuro.

Neste capítulo o autor destaca que ao longo do livro vem traçando a evolução paralela entre dois fenômenos da consciência humana: O nível médio de consciência da população e  o nível mais avançado encontrado naquele período histórico. Chama a atenção para o fato de que a história nunca foi estudada sob este ponto de vista e, como sempre faz, analisa os dois ''erros epistemológicos" que encontramos hoje. O primeiro, dos cientistas sociais de hoje (Antropólogos, sociólogos, historiadores em geral). A história nunca foi estudada do ponto de vista múltiplo e hierárquico da evolução da consciência. Ao olharmos para a evolução humana, notamos que entre os níveis primários e transpessoais há correlações possíveis, que acontecem simultaneamente, levando os estudiosos a confundi -los, simplesmente porque ambos são "não - egoicos" ou "não - pessoais". Tais correlações são aquelas entre os níveis mágico (2) e psíquico (5); mítico (3) e sutil/arquetipico (6); Racional (4) e causal (7). Numa nota ainda acrescenta o paralelismo suposto entre os níveis existencial e não dual. Para Wilber, considerar este aspecto abriria a ciência para novos insights. De outro lado, os retroromanticos tendem a elevar ao  nível transpessoal as manifestações históricas pré - pessoais das eras tifônicas da humanidade.  Inclui uma análise sobre o movimento cultural conhecido como "New age", que prescreve este momento como o momento de transformação radical na consciência da humanidade. Para Wilber, não há evidencias históricas que comprovem tal afirmação. Aproveita para fazer uma curta dissertação sobre o que chamou de "Dharma Bum", e, com cerca de mais de vinte anos de antecedência dá pistas de uma área de interesse do que viria a ser o seu livro "Boomeritis".
Ainda no início do capítulo, nas páginas 339/340 percebemos que Wilber fala em "estruturas profundas e inconscientes dos níveis transpessoais de consciência", que ele afirma pré - existirem. Tal axioma será contestado e reavaliado na fase Wilber 5, a partir de 2003/2004, onde ele afirmará não existir tal estrutura pré - existente, como provaram os estudos prós - modernos.
Há uma passagem memorável, na página 341, em que Wilber afirma ser uma imposição ética nosso engajamento num caminho de auto transcendência. Caso não o façamos, receberíamos os legados dos heróis do passado sem dar a nossa contribuição pessoal no processo de evolução. Coisa que tornaria nossa existência um tanto medíocre. Passagem exemplar.
Wilber apresenta um breve descritivo de como será a sociedade no próximo degrau evolutivo, ou seja, já adentrando o nível psíquico enquanto nível médio da população mundial. Segue uma descrição de duas páginas de uma sociedade formidável, bastante influenciada ainda por (ainda) sua visão mais romântica, superada nas fases seguintes. Ao final da descrição, reconhece que a visão apresentada tem um caráter bastante "otimista". Um exemplo: Na educação, o foco será no desenvolvimento da consciência, e o estudo e currículos teriam no desenvolvimento hierárquico seu foco de estudo principal.

Capítulo 19 - Republicanos, Democratas e Místicos.

O autor encerra a obra retomando a sua proposta original, conforme descrita a seguir. Defende que uma legítima teoria crítica sociologia deve ser, em sua visão, transdisciplinar e holarquica, ou seja, deve incluir múltiplos níveis de desenvolvimento (níveis descritos em todas as suas obras).
Coloca que, através de uma generalização, incluirá as três categorias que, segundo ele, são a base de toda manifestação da consciência humana. Os reinos objetivo, subjetivo e não dual. Um parentese crítico aqui: Observa-se que ainda estamos na fase Wilber - 3, pré quadrantes. Esta abordagem se desenvolverá e incluirá mais duas dimensões: A individual e a coletiva. Também interessante como Wilber considera o não dual uma "categoria" ou "quadrante", nesta abordagem. Uma categoria pós - categorias, mas ainda sim uma.
Retoma uma questão que sempre é abordada pelas teorias criticas que estudam a sociedade: "Porque o homem não é livre?". E passa a abordar os diferentes tipos de resposta encontradas e disponíveis nas teorias politico - sociais da atualidade.
Para os republicanos, a resposta está no reino subjetivo; Enquanto que para os democratas, a resposta está no reino objetivo.
A resposta democrata é a seguinte: O homem é oprimido pelo sistema social e reprimido em sua psicologia íntima ou natureza benigna também pela família e pela sociedade. Assim, para libertá-lo , são necessárias reformas sociais e nas instituições. O mal, nessa abordagem, é o bem reprimido, na psique do homem. O teórico que defendeu e endossou essa tese foi Karl Marx. A solução, portanto, é a redistribuição da riqueza e dos bens sociais. Esta visão humanista também é defendida pela psicologia humanista, e pelos existencialistas.
A visão republicana, por sua vez, endossada por Freud e pelos psicanalistas defende que o homem não é livre por sua própria natureza maligna. Segundo essa visão, desreprimir o homem é um erro, pois o que se revelará serão os instintos básicos humanos, como o assassinato, o incesto, o canibalismo. Para que haja a sociedade, portanto, a opressão e a repressão são condições necessárias, pré - requisitos.
Wilber traça uma crítica às duas visões, apontando suas contradições internas e suas meias verdades, sob a ótica de uma filosofia não dual.
Em relação à visão democrata, Wilber atira: O próprio conceito de um "eu livre" já é auto - contraditória, segundo essa visão. "Onde quer que haja um outro, há o medo", justifica. Não existe o eu separado como entidade real. Ele é uma ilusão. E ilusões não podem ser livres. Se libertássemos o eu, ainda sim este não seria uma entidade livre.
Sobre a visão republicana: O homem não é inerentemente mau, mas substitutivamente mal. O mal é criado pela repressão do estado de Buda, defende. Sempre que somos confrontados com o mal, há duas escolhas: Transcende-lo ou oferecer substitutos socialmente benignos. Segue exemplificando o que quer dizer substitutos socialmente benignos: Isto ocorre quando a satisfaçao de um determinado tipo de projeto Atman (substituto para Atman) é alcançado individualmente, a comunidade como um todo também é beneficiada, em sua forma de projeto Atman. A riqueza de um colabora para a riqueza de todos (exemplo meu).
Encerra a obra fazendo paralelos de gosto duvidoso, ao meu olhar de 2010, entre as questões originalmente colocadas na obra, a saber:
1) Quais são os caminhos de transcendencia disponíveis para o homem?
2) Falhando a transcendencia, quais são os mecanismos substitutos disponíveis?
3) Qual o preço que tais mecanismos cobram do homem?
Defende que cada posição apresentada no capítulo (mística/conservadora/democrata respectivmente) endereçam respostas às suas questões iniciais. A meu ver, com o intuito de forçar um encaixe que esteticamente seria perfeito, Wilber exagera nas correlações e supersimplificações, omitindo detalhes e criando um quadro utópico e desejável, mas cientificamente contestável. As últimas linhas são reservadas para considerações de caráter poético, de celebração da possibilidade e da promessa pela conquista da consciência não dual. Trata-se, entretanto, de uma obra que representa o melhor do autor, sem dúvida. Leitura indispensável para entender a Falácia pré trans e os paralelos onto - filogenéticos que introduzirá a seguir em seu trabalho.
                                                                                                                                                                            FIM
                                 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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